Em um exercício irônico, propõe-se imaginar um Oscar de melhor lorota política, premiando as narrativas mais criativas do cenário brasileiro em 2025. Com um tom mordaz, a política nacional é retratada como um verdadeiro celeiro de histórias absurdas que merecem um troféu fictício. Brasília é vista como uma fábrica de ficção, onde a verdade é coadjuvante e as lorotas disputam o papel principal, convidando o público a refletir sobre as promessas e discursos que moldam o debate público.
Um dos principais concorrentes ao Oscar de melhor lorota política é a promessa de harmonia entre o presidente e o centrão. Após anos de ataques mútuos, a ideia de que antigos adversários se uniriam pelo bem do país é considerada uma obra-prima de ficção. Essa aliança, que parece mais uma trama de Hollywood, levanta dúvidas sobre a sinceridade dos interesses envolvidos, já que cargos e interesses pessoais frequentemente falam mais alto que ideais.
Outra narrativa em destaque é a reinvenção de um partido como defensor da moralidade pública, após escândalos de corrupção. A tentativa de vender uma imagem de gestão impecável contrasta com o histórico recente, criando uma contradição que impressiona pela audácia. Essa transformação do passado em um conto de redenção é digna de premiação, exigindo uma suspensão total da realidade para ser aceita.
O bolsonarismo também se destaca na disputa, com a insistência de seus apoiadores em retratar o governo como um marco de eficiência. A ideia de que tudo era perfeito até a derrota em 2022 é uma ficção nostálgica que ignora falhas evidentes. Essa narrativa, que vive mais de paixão do que de coerência, merece um reconhecimento especial pela lealdade ao enredo, mesmo diante de fatos contrários.
Na categoria de melhor coadjuvante, o Supremo Tribunal Federal (STF) é indicado por sua narrativa de guardião da democracia. As decisões polêmicas da corte, muitas vezes vistas como autoritárias, são apresentadas como atos heroicos de proteção constitucional. Essa habilidade de dramatizar o próprio papel, mesmo quando o público questiona excessos, mostra o talento do STF em criar roteiros autoelogiosos.
O Congresso Nacional também é lembrado com a lorota do trabalho incansável em prol do povo. A ironia se faz presente ao observar deputados e senadores que, entre recessos e negociações, juram estar focados no bem-estar coletivo. Essa narrativa de abnegação, risível diante das barganhas por poder, se tornou um clichê, mas ainda merece um troféu pela ousadia de sua repetição.
Entre as novas narrativas, a esquerda identitária compete com a promessa de um Brasil inclusivo que nunca se concretiza. As bandeiras de igualdade são frequentemente usadas como marketing, enquanto as desigualdades persistem. Essa ficção de um país transformado por discursos progressistas é digna de aplauso pela encenação, mas a distância entre o que se prega e o que se entrega é evidente.
Por fim, a premiação se encerra sem um vencedor definido, deixando o público como jurado desse festival de lorotas políticas. O Brasil de 2025 é um palco onde todos os atores competem com histórias mirabolantes para conquistar a opinião pública. O Oscar fictício é menos sobre mérito e mais sobre reconhecer a engenhosidade das narrativas, com o verdadeiro prêmio sendo a paciência do cidadão que assiste a tudo. A política brasileira, afinal, é um blockbuster de absurdos, e quem leva o troféu depende do ponto de vista.