Tribunal julga nesta quarta as contas públicas do governo no ano passado. Relator viu indícios de irregularidades em benefícios tributários. Parecer será encaminhado ao Congresso.
O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo votou nesta quarta-feira (12) pela aprovação com ressalvas das contas do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ano de 2023.
O tribunal analisa nesta quarta as contas do governo em 2023. A Corte de Contas é responsável pela elaboração do parecer prévio, que será submetido à análise do Congresso Nacional.
Segundo o relator no TCU, Vital do Rêgo, as contas “estão em condições de serem aprovadas pelo Congresso Nacional, com as ressalvas registradas”.
Vital do Rêgo votou pela aprovação com ressalvas por conta de “distorções contábeis” no Balanço-Geral da União — ou seja, os resultados orçamentários, financeiros e patrimoniais da União.
O voto do ministro aponta que houve impacto de R$ 109 bilhões no balanço do governo, distribuídos em ativos, passivos e patrimônio.
Vital também destacou três irregularidades na classificação contábil. De acordo com o ministro, as “distorções” de valor encontradas são “materialmente relevantes” e impactaram os resultados contábeis da União.
Concessão de benefícios tributários
No relatório, Vital do Rêgo também apontou indícios de irregularidades na concessão de benefícios tributários pelo Executivo.
Segundo o ministro, a renúncia de receita aumentou 295% no período de 2023 a 2026, na comparação com 2021 a 2024.
O relatório aponta que a sanção e implementação de benefícios dentro das leis do programa Minha Casa Minha Vida, Pronac e de taxação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido não obedeceram às regras vigentes.
O documento registra que, somados os impostos PIS/Cofins e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), houve renúncia fiscal de R$ 274 bilhões em 2023. Ou seja, o governo deixou de arrecadar esse valor, que representa mais da metade dos gastos tributários no ano passado.
“No geral, de cada R$ 5 reais que poderiam ser arrecadados, R$ 1 é convertido em benefício fiscal e não entra no caixa do Tesouro”, declarou Vital.
Segundo o ministro, “é no mínimo de se questionar até que ponto existe legitimidade nesse modelo que, no final das contas, acaba por transferir uma fração de recursos públicos, obtidos mediante renúncias fiscais, ao patrimônio de particulares, brasileiros e estrangeiros.”
Vital sugeriu ao governo que vede novas concessões de benefícios fiscais, assim como a ampliação dos valores vigentes, “em cenário déficit fiscal” –quando o governo gasta mais do que arrecada.
“Em outras palavras, a intenção é que a União pare de se endividar, pagando juros altíssimos, ao mesmo tempo em que concede esse tipo de benefício”, continuou.