A segurança pública no Brasil enfrenta desafios profundos que exigem uma análise crítica e ações imediatas. Casos recentes, como o ocorrido durante uma operação policial em uma festa junina, evidenciam falhas estruturais e a necessidade de uma reformulação nas práticas adotadas pelas forças de segurança. A morte de um jovem inocente, identificada como Herus Guimarães Mendes, durante essa operação, expõe a gravidade da situação e a urgência de mudanças significativas.
A promoção de oficiais envolvidos em incidentes que resultam em mortes de civis levanta questões éticas e legais. A alegação de “critérios técnicos e estratégias do comando” como justificativa para tais promoções não é suficiente para restaurar a confiança da população nas instituições responsáveis pela segurança. É imperativo que haja uma revisão criteriosa desses critérios e que sejam estabelecidos padrões claros que priorizem a proteção e a valorização da vida humana.
Além disso, a falta de transparência nos processos investigativos contribui para a sensação de impunidade. O fato de que o inquérito sobre a morte de Herus não foi publicado no Boletim Interno da Polícia Militar é um exemplo claro dessa opacidade. Para que haja uma verdadeira transformação, é essencial que os processos sejam conduzidos de maneira aberta e que a sociedade tenha acesso às informações pertinentes.
A atuação da Corregedoria da Polícia Militar, que indiciou policiais envolvidos no caso, é um passo positivo, mas ainda insuficiente. É necessário que haja uma abordagem mais abrangente, que envolva não apenas a responsabilização individual, mas também a revisão das práticas institucionais que permitem que tais incidentes ocorram. A implementação de treinamentos adequados e a adoção de protocolos claros são fundamentais para evitar que tragédias semelhantes se repitam.
A sociedade brasileira clama por uma mudança na abordagem da segurança pública. Não se trata apenas de combater o crime, mas de garantir que as ações das forças de segurança estejam alinhadas com os direitos humanos e com os princípios de justiça e equidade. É necessário um compromisso real com a transformação das estruturas existentes, para que a segurança pública seja, de fato, um serviço à população e não uma fonte de opressão.
Organizações da sociedade civil, movimentos sociais e cidadãos têm desempenhado um papel crucial na denúncia de abusos e na cobrança por justiça. A mobilização popular é essencial para pressionar por mudanças e para garantir que as vítimas, como Herus, não sejam esquecidas. É fundamental que a sociedade continue engajada e vigilante, para que as autoridades sejam responsabilizadas e para que políticas públicas mais justas sejam implementadas.
A implementação de políticas de segurança pública baseadas em inteligência, respeito aos direitos humanos e prevenção é a chave para a construção de um ambiente mais seguro e justo para todos. É necessário que haja uma mudança de paradigma, que coloque a vida humana no centro das decisões e que promova a confiança mútua entre a população e as instituições de segurança.
Somente por meio de uma reforma profunda e comprometida será possível superar os desafios atuais e construir uma sociedade onde a segurança pública seja sinônimo de proteção, justiça e respeito à dignidade humana. O caso de Herus é um lembrete doloroso da necessidade urgente de transformação, e a sociedade não pode permitir que sua morte seja em vão.
Autor: Ivern Moral