O Supremo Tribunal Federal (STF) adiou a decisão sobre a aplicação retroativa do acordo de não persecução penal (ANPP). Esse acordo permite que acusados confessem crimes e cumpram medidas alternativas à prisão. A questão é se essa medida pode ser aplicada a processos anteriores à lei do pacote anticrime de 2019.
O Acordo de Não Persecução Penal
O ANPP é um instrumento legal que permite ao investigado confessar a culpa e cumprir condições como pagamento de multa ou prestação de serviços comunitários, evitando a prisão. Esse acordo é válido apenas para crimes sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a quatro anos.
Suspensão do Julgamento
O julgamento foi suspenso para que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Ministério Público levantem dados sobre os impactos da decisão nos processos em aberto. A análise começou no plenário virtual entre 2020 e 2023 e foi retomada no plenário físico em agosto de 2024.
Votos dos Ministros
O relator, Gilmar Mendes, votou a favor da aplicação retroativa do ANPP para todos os casos sem condenação definitiva. Ele foi acompanhado por Edson Fachin, Dias Toffoli, Roberto Barroso, Cristiano Zanin, André Mendonça e Nunes Marques. No entanto, há divergências sobre o momento em que o pedido para o ANPP deve ser feito.
Divergências
Cristiano Zanin defende um marco temporal específico para o pedido do ANPP. Já Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Flávio Dino votaram por uma aplicação mais restritiva, permitindo o acordo apenas se não houver condenação e se o pedido for feito na primeira oportunidade de manifestação nos autos.
Caso Concreto
A discussão foi motivada por um habeas corpus de um homem condenado em 2018 por tráfico de drogas. Ele foi preso com 26 gramas de maconha e condenado a 1 ano e 11 meses de reclusão. A defesa argumenta que ele deve ter a chance de firmar o ANPP.
Decisão Parcial
Para o caso concreto, a maioria dos ministros decidiu suspender a condenação até que o Ministério Público se manifeste sobre a viabilidade do acordo. Essa decisão temporária reflete a complexidade e a importância do tema em discussão.