A presença de advogados em zonas de conflito ambiental tem se tornado cada vez mais essencial diante da intensificação das disputas por terra, recursos naturais e modos de vida tradicionais. Essas regiões concentram tensões complexas entre interesses econômicos, direitos sociais, preservação ambiental e, muitas vezes, violações de direitos humanos. O Dr. Aroldo Fernandes da Luz observa que, nesses contextos, o papel do advogado ultrapassa a esfera jurídica convencional e assume contornos de mediação, resistência e defesa de causas coletivas.
Quando o Direito encontra a desigualdade socioambiental
Conflitos ambientais geralmente envolvem comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas, ribeirinhos ou pequenos agricultores que veem seus territórios ameaçados por empreendimentos de grande impacto, como mineradoras, hidrelétricas, obras de infraestrutura ou agronegócio intensivo. Em muitos desses casos, o acesso à justiça é precário, o nível de vulnerabilidade social é elevado e a relação de forças é extremamente desigual.
Nesse cenário, a atuação jurídica é fundamental para garantir visibilidade, exigir o cumprimento de direitos e frear abusos institucionais. O advogado Aroldo Fernandes da Luz destaca que a prática jurídica nessas áreas exige preparo técnico, mas também sensibilidade social, resistência emocional e uma postura ética firme diante de pressões e ameaças.
A presença jurídica como instrumento de proteção
Em zonas de conflito, a presença do advogado funciona como um mecanismo de proteção legal e simbólica para comunidades frequentemente marginalizadas. A simples atuação de um profissional qualificado pode coibir atos de violência, forçar o cumprimento de decisões judiciais ou até mesmo garantir a mediação de diálogos entre partes em disputa.
Além disso, a função do advogado nesses espaços exige uma aproximação com lideranças comunitárias, organizações da sociedade civil, órgãos públicos e, muitas vezes, com a mídia. A escuta atenta, a valorização da cultura local e o respeito às dinâmicas sociais são indispensáveis para que o trabalho seja efetivo e respeitoso.
Riscos e desafios da prática em campo
Atuar em conflitos ambientais é também assumir riscos. Segundo o Dr. Aroldo Fernandes da Luz, muitos advogados enfrentam ameaças diretas, perseguições políticas e tentativas de deslegitimação profissional. Por isso, é essencial contar com redes de apoio e articulações institucionais que ajudem a proteger não apenas o profissional, mas toda a comunidade envolvida.

Muitas vezes, dar visibilidade ao caso para além da região é uma das formas mais eficazes de proteção — seja por meio de relatórios técnicos, denúncias internacionais ou articulações com a imprensa.
A importância da formação técnica e social
A formação jurídica tradicional, por vezes distante da realidade dos conflitos sociais e ambientais, nem sempre prepara os advogados para esse tipo de atuação. O profissional que se propõe a trabalhar nesses contextos precisa buscar capacitação complementar em áreas como direito socioambiental, direitos humanos e litigância estratégica.
O conhecimento técnico, aliado à escuta sensível e à crítica social, amplia a capacidade do advogado de promover mudanças estruturais, mesmo em contextos adversos.
Direito como ferramenta política e pedagógica
Um ponto importante, segundo o Dr. Aroldo Fernandes da Luz, é compreender o Direito como instrumento de empoderamento. Em zonas de conflito, o trabalho do advogado não deve se limitar a petições ou defesas processuais. É fundamental atuar também de forma educativa, promovendo rodas de conversa, formações sobre direitos e fortalecendo a autonomia das lideranças locais.
Esse trabalho de base, que muitas vezes é silencioso, representa uma transformação real, duradoura e profundamente conectada com as demandas do território.
Advocacia ética e comprometida com o coletivo
Por fim, é necessário que o advogado respeite a autonomia e os valores das comunidades que representa. A atuação não deve ser imposta, nem guiada por interesses pessoais ou protagonismos. O verdadeiro compromisso está em fortalecer as vozes locais, contribuindo com o que o Direito pode oferecer de mais poderoso: a garantia da dignidade humana e da justiça social.
Como reforça o Dr. Aroldo Fernandes da Luz, a atuação em zonas de conflito ambiental é uma escolha profissional e política. Exige coragem, preparo e uma compreensão profunda de que o advogado, nesses espaços, é também um agente de transformação social e ambiental.
Autor: Ivern Moral