Aldo Vendramin, empresário e fundador, informa que a competitividade do agronegócio brasileiro depende não apenas da sua alta produtividade, mas também da eficiência logística que conecta o campo aos portos e aos mercados internacionais. O Brasil enfrenta um dos maiores desafios estruturais do setor: garantir que a qualidade e o volume da produção nacional cheguem ao exterior de forma rápida, segura e sustentável. Com o crescimento das exportações de carne e grãos, o país precisa equilibrar gargalos históricos com novas oportunidades de inovação e expansão.
Neste artigo conceituamos como e porque acontece esses gargalos e qual seu papel na logística brasileira.
O peso das exportações na economia brasileira
O Brasil é hoje um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, liderando mercados de soja, milho, carne bovina e de frango. E conforme apresentado pelo senhor Aldo Vendramin, essas cadeias produtivas representam grande parte da balança comercial do país e sustentam milhões de empregos diretos e indiretos. No entanto, o potencial de crescimento ainda é limitado pela infraestrutura de transporte e pela concentração das rotas logísticas em regiões específicas.
Mais de 60% da carga agrícola brasileira ainda é transportada por rodovias, muitas delas em condições precárias ou com alto custo operacional. Isso encarece o frete, reduz a margem de lucro do produtor e diminui a competitividade do país frente a concorrentes como Estados Unidos e Argentina, que possuem sistemas logísticos mais integrados.

Os gargalos logísticos do agro brasileiro
Segundo Aldo Vendramin, o maior obstáculo para o avanço das exportações está na dependência de modais rodoviários e na concentração dos portos exportadores no Sudeste e Sul do país. A distância entre as principais áreas produtoras, localizadas no Centro-Oeste e Norte, e os portos marítimos causa atrasos e eleva custos logísticos.
Além disso, a falta de integração entre ferrovias, hidrovias e armazéns gera ineficiências em toda a cadeia de transporte. Muitas vezes, a produção chega aos portos por longas rotas terrestres, quando poderia ser escoada de forma mais sustentável por rios navegáveis ou linhas férreas dedicadas ao agronegócio, esta ausência de corredores logísticos contínuos também dificulta o planejamento e reduz a capacidade de exportação em períodos de safra recorde.
Avanços e soluções em andamento
Nos últimos anos, diversos investimentos públicos e privados têm buscado transformar esse cenário, o avanço das ferrovias Norte-Sul, Ferrogrão e FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) representa um passo importante rumo à eficiência logística. Esses corredores têm o potencial de conectar as áreas de produção do Centro-Oeste aos portos do Arco Norte, como Itaqui (MA), Barcarena (PA) e Santarém (PA), reduzindo o tempo e o custo de transporte.
Outro ponto de destaque é o fortalecimento das hidrovias, que oferecem uma alternativa econômica e sustentável. O transporte fluvial nas bacias do Tocantins-Araguaia, Madeira e Paraguai-Paraná pode reduzir significativamente o volume de caminhões nas estradas, diminuir emissões de carbono e aumentar a capacidade de escoamento, como destaca o empresário Aldo Vendramin.
Além da infraestrutura física, soluções digitais também estão revolucionando o setor. Plataformas de rastreamento e gestão de frotas, combinadas com big data e inteligência artificial, estão otimizando rotas, prevendo gargalos e melhorando a eficiência de exportação em tempo real.
Carne e grãos: Desafios específicos e novas oportunidades
As cadeias da carne e dos grãos apresentam desafios próprios, mas compartilham oportunidades estratégicas, como explica Aldo Vendramin, o setor de grãos sofre com a sazonalidade das colheitas e a necessidade de armazenagem adequada. O investimento em silos inteligentes e sistemas de secagem automatizados é fundamental para evitar perdas e melhorar o fluxo logístico.
Já a exportação de carne exige atenção a normas sanitárias e certificações internacionais. O Brasil tem se destacado pela qualidade da proteína bovina, suína e de frango, conquistando mercados exigentes como China, União Europeia e Oriente Médio. A logística de refrigeração e rastreabilidade tem sido aprimorada com tecnologias de monitoramento em tempo real, garantindo que o produto mantenha sua integridade até o destino final.
O uso de blockchain e sensores IoT permite o rastreamento completo da carne, do pasto ao porto, oferecendo transparência e confiança aos importadores. Essas inovações colocam o Brasil na vanguarda da logística alimentar mundial, frisa o empresário.
Sustentabilidade e competitividade internacional
No cenário atual, sustentabilidade e eficiência caminham juntas, pois como elucida Aldo Vendramin, o mundo exige que o agro produza mais com menos impacto. Por isso, as soluções logísticas do futuro precisam ser integradas a práticas ambientais responsáveis, como o uso de biocombustíveis, transporte multimodal e compensação de emissões de carbono. Essas ações reforçam a imagem do Brasil como potência agroambiental e ampliam o acesso a mercados premium.
Além de atender às exigências ambientais, a sustentabilidade também se tornou um diferencial competitivo, capaz de aumentar o valor agregado dos produtos e abrir portas em países que priorizam cadeias produtivas éticas e transparentes.
A logística como elo entre o campo e o mundo
A eficiência logística é o elo que conecta o produtor brasileiro ao mercado global, Aldo Vendramin resume que investir em infraestrutura, tecnologia e sustentabilidade é essencial para transformar o potencial produtivo do Brasil em vantagem real nas exportações. O país tem capacidade de liderar o comércio mundial de alimentos, desde que continue avançando na integração dos modais e na modernização de seus portos e estradas.
Com planejamento estratégico e inovação, o Brasil pode não apenas vencer os gargalos logísticos, mas se tornar referência global em transporte agroindustrial sustentável, consolidando sua posição como protagonista no abastecimento alimentar do planeta.
Autor: Ivern Moral